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Dados, IA e composability: junção que impacta os negócios

No final de maio, estive em Londres, no evento organizado pela LXA (MarTech Alliance), o #AntiConLX Global. Este é um dos mais importantes encontros do mundo quando o assunto são martechs. Fiquei fascinado ao ouvir sobre os casos de sucesso que estão sendo orquestrados no setor e como a colaboração entre dados, inteligência artificial (IA) e composability terá um crescimento exponencial no futuro. Cada vez mais, a interdisciplinaridade, a complementaridade e a conectividade entre diversas áreas de conhecimentos vão abrir caminho para uma revolução tecnológica sem precedentes.

Mas, afinal, o que é composability (composabilidade, na tradução), e como isso aumenta a flexibilidade dos negócios e acelera resultados? Composability é derivada do inglês composable, que significa “combinável”. Composabilidade pode ser definido como um termo que engloba combinação ou interdisciplinaridade entre conhecimentos, tecnologias e processos, que podem ser articulados entre si, de forma criativa e disruptiva, para dar origem a inovações, conceitos, ferramentas e funcionalidades que antes não existiam.

Eu, particularmente, gosto de ver este conceito no mundo martech e de negócios como as células do corpo humano, que têm funções específicas, mas, unidas, viram órgãos e até seres vivos. Cada parte tem sua própria existência singular e individual, mas, ao se juntarem, se transformam em algo completamente novo.

Quais são os impactos visíveis – e possíveis – no mundo dos negócios?

Esse tipo de tecnologia modular oferece uma oportunidade de otimizar a experiência do cliente por meio da hiperconectividade e hiperpersonalização em todos os canais – a partir da combinação de dados personalizados individuais do usuário com dados exclusivos de um determinado ambiente, por exemplo: restaurantes, cafés, empresas etc.

Com o avanço da inteligência artificial, podemos utilizar a composabilidade em conjunto com o data lake (repositório de dados) para acelerar tanto a criação quanto a transformação de produtos, processos e serviços já existentes, além de entregá-los para os públicos certos de diferentes maneiras, em nichos diversos.

No mundo da tecnologia, uma ferramenta que apresenta essas combinações poderosas de forte impacto para os negócios são os “gêmeos digitais”.

Um gêmeo digital é uma réplica virtual totalmente fidedigna de algo que existe no mundo real, sejam eles objetos físicos, processos ou até mesmo seres humanos. Eles são criados a partir da representação feita por meio da integração de sensores conectados ao item ou ser humano em questão. Esses sensores coletam e copiam todas as movimentações e respostas de seu original, projetando-as em um ambiente virtual simulado idêntico, quase um metaverso.

O objetivo de um gêmeo digital humano seria obter uma coleta e análise de dados pessoais suficientes para criar uma representação realista. Isso poderia ser feito de diversas maneiras, desde varreduras do corpo inteiro, passando por análises genômicas, bioquímicas, psicológicas e sociais, até o uso de dispositivos vestíveis.

Assim, seria possível ter uma cópia de um humano com todos os seus dados biopsicossociais, para serem estudados em diversos cenários em tempo real. Com base no cruzamento desses dados, seria possível fazer várias projeções, calculando as probabilidades de determinados comportamentos. Essa simulação, então, permitiria testar novos produtos e serviços antes de lançá-los no mercado.

Como exemplo prático, a Siemens Energy criou um gêmeo digital de suas usinas para realizar simulações de manutenção preditiva, o que pode ajudar fornecedores de energia a economizar cerca de US$ 1,7 bilhão por ano. A previsão de manutenção com maior precisão através de modelos de machine learning pode ajudar a reduzir a frequência das verificações de manutenção, evitando riscos de falhas.

Mesmo em escala industrial, empresas que investem em gêmeos digitais podem desenvolver diferentes produtos, serviços e processos modulares e combiná-los de maneira personalizada para proporcionar uma experiência do cliente hiper-realista, personalizada e exclusiva para cada consumidor.

Na prática, a composabilidade oferece soluções combináveis (e quase intermináveis) que podem ser facilmente integradas às tecnologias existentes para potencializar a criação de modelos de negócios escaláveis e adaptáveis.

Outra vantagem competitiva das soluções combinadas é a capacidade de quebrar silos de processos e de dados quando essas ferramentas são perfeitamente integradas, permitindo que a organização tenha acesso a uma visão única e personalizada do cliente. Além disso, uma única fonte de dados e fluxos de trabalho conectados reduz a complexidade e facilita a comunicação e solução de problemas. Assim, as equipes podem responder rapidamente a entraves e mudanças, favorecendo agilidade e competitividade.

No âmbito da tecnologia, a composabilidade permite que os desenvolvedores construam sistemas escaláveis e flexíveis, em que diferentes componentes independentes podem ser combinados para criar soluções personalizadas. Na construção de aplicativos, a composabilidade permite a integração de APIs para adicionar funcionalidades de terceiros, como pagamentos e autenticação. Isso facilita a criação de novos recursos, sem a necessidade de desenvolver tudo do zero.

Todas essas possibilidades resultam em um tempo de desenvolvimento significativamente menor, implementação rápida e agilidade, trazendo um retorno sobre o investimento muito mais significativo. Além disso, como as ferramentas são altamente comunicáveis entre si, são criados pontos de integração quase perfeitos que, de outra forma, levariam muito mais tempo para serem construídos.

Com isso, as organizações obtêm uma ampla gama de opções otimizadas para suas diversas demandas e necessidades, bem como a possibilidade de eliminar plataformas e processos obsoletos e custosos.

O futuro chegou. E agora, o que faremos com ele é uma incógnita ainda a ser desvendada. Estamos testemunhando uma revolução tecnológica que está redefinindo os limites do impossível, permitindo-nos explorar novos modelos de negócios baseados em inteligência artificial avançada, realidade aumentada e automação de ponta.

 

Escrito por Fabiano Cruz.

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