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Desmistificando IA e o problema da consciência

A Inteligência Artificial provavelmente está entre um dos assuntos mais falados em rodas de amigos quando o assunto é tecnologia. Isso acontece, porque, nos últimos tempos, vemos diversas inovações e novos casos de uso da IA que surpreendem a todos. 

Em seu conceito mais simples, a Inteligência Artificial é uma aplicação com o objetivo de copiar o ser humano e executar suas tarefas de uma forma parecida e, até melhor. Ela funciona a partir de um sistema (na minha opinião, algum computador com um desempenho, no mínimo, acima da média) que usa a inteligência humana resolver problemas de uma forma preditiva baseado em dados previamente cadastrados e que tenta imitar as características do ser humano. 

Já para Giovanni Bugni Lemes (2018), o objetivo da IA é que o computador possa sentir, falar, ouvir, ver e pensar. Para ele, o mais preocupante de tudo isso é constatar que, se um computador pode fazer isso, será que ele também poderia ter consciência? 

Abaixo, irei recapitular a evolução dessa tecnologia até o momento presente. 

 

Evolução da IA com os anos

Os primeiros computadores só podiam entender símbolos e fazer cálculos de adição e subtração. Aos poucos, outras capacidades lógico-matemáticas (como multiplicação e divisão) foram adicionadas e já era possível simular a lógica humana nesses cálculos.  

Alan Turing, em 1950, escreveu o artigo “Computing Machinery and Intelligence” que relata a experiência de um jogo para avaliar as máquinas. Esse jogo consistia em um ser humano fazer uma série de perguntas para outro humano e para uma máquina sem saber quem estava respondendo. Ao final, ele deveria tentar adivinhar era a resposta da máquina e qual era a do ser humano. 

Em 1956, cientistas se reuniram para o Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence. Lá, John McCarthy, professor de matemática da universidade, afirmou que todo aspecto de aprendizado ou qualquer outra característica da inteligência pode, a princípio, ser descrita com tanta precisão que uma máquina pode ser feita para simulá-lo. 

Nos anos 70 houve nova onda de inteligência artificial: os sistemas especialistas. O propósito deles era fazer uma tarefa tão bem quanto o ser humano e, até hoje, temos esses sistemas de tão comum que eles se tornaram. Atualmente, eles não são mais chamados de inteligência artificial. 

De 1990 a 2020, existiu o Loebner Prize, uma competição baseada no Teste de Turing citado anteriormente que premiava diversas categorias de bots que se pareciam com humanos. 

Hoje, temos tantas notícias sobre Inteligência artificial que ficou difícil selecionar apenas algumas, mas listei abaixo as que considerei mais interessantes e comentarei as mais relevantes dentre elas: 

 

Observando as notícias podemos perceber que existe uma preocupação além de a inteligência artificial ter uma consciência própria ou de substituir os trabalhadores, pois, como as notícias mostram, isso já está acontecendo em trabalhos repetitivos. Há uma preocupação genuína no surgimento de oportunidades para se trabalhar na área de tecnologia e falta de pessoas para isso. 

As duas últimas notícias falam do mesmo caso do engenheiro do Google. A primeira é bem específica sobre o caso e o engenheiro do Google afirma que existe uma IA que já tem consciência. Já na segunda, há vários fatos e casos do uso desta IA. Na notícia, Luís Lamb – pesquisador em Inteligência Artificial a 20 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – fala que a IA é programada para parecer com uma consciência. 

Consciência, segundo o dicionário de Oxford Languages seria: 

  1. Sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior;
  2. Sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais.

 

Explorando redes neurais

A definição de redes neurais descrita no portal da Amazon Web Services (AWS) é de que redes neurais são um método de inteligência artificial baseado no cérebro humano. Esse processo de aprendizado de máquina é chamado de aprendizado profundo e nele há diversos neurônios interconectados para trazer um resultado. 

Vou exemplificar como uma rede neural simples funciona para contextualizar a conclusão: 

O objetivo da nossa rede neural é identificar quantas vezes uma família viaja no ano baseado em dados fictícios de renda, quantidade de integrantes da família e estado onde vivem. A ilustração abaixo exemplifica a rede neural: 

Nossa rede neural contém 3 dados de entrada, 6 sinapses, 2 neurônios e uma saída. Os estados são convertidos em números, o RS seria 1 neste exemplo. O funcionamento dessa rede neural começa quando os dados de entrada são multiplicados pelas sinapses e armazenados nos neurônios. Na sequência, a função de saída seria somar esses dados e ter o retorno, mas com as sinapses com o peso 0 todos os resultados seriam 0 e isso não condiz com a tabela de treinamento. 

Para treinar a nossa rede neural usaremos a função de correção que é o resultado da tabela de treinamento subtraído pelo retorno da rede neural. Esse valor deverá ser multiplicado pela entrada e pela taxa de aprendizado, e o resultado será somado ao peso da sinapse. Taxa de aprendizado é um valor que definimos de 0.01, a quantidade de sinapses e neurônios além da função de saída vão variar de acordo com o objetivo da rede neural. 

Passando pela primeira rodada de treinamento, temos os resultados abaixo dos dois primeiros itens da tabela com os pesos das sinapses atualizados. Se passar todos os itens da tabela pela rede neural após a primeira rodada de treinamento temos 71,42% de taxa de acerto quando arredondamos o retorno da rede neural. 

 

 

Depois de alguns testes e rodadas de treinamento variando os pesos, chegamos nos valores abaixo que atingem 100% de taxa de acerto quando arredondamos o retorno. 

Redes neurais também estão sendo uma forma de reproduzir a inteligência humana em um computador, porém é baseada no cérebro humano. Qual será o limite disso? Será que, por ser baseada no cérebro humano, tem a possibilidade de criar uma consciência?

 

Redes neurais também estão sendo uma forma de reproduzir a inteligência humana em um computador, porém é baseada no cérebro humano. Qual será o limite disso? Será que, por ser baseada no cérebro humano, tem a possibilidade de criar uma consciência? 

 

No livro “Inteligência Artificial Para Leigos” de John Paul Mueller e Luca Massaron, é destacado que “os computadores modernos são lamentavelmente inadequados para simular essa inteligência e nem de longe são capazes de adquirir inteligência. No entanto, o desejo de criar máquinas inteligentes (ou ídolos, como eram consideradas no passado) é tão antigo quanto os humanos. O desejo de não estar sozinho no universo, de ter algo com que se comunicar sem as inconsistências de outros humanos, é grande.”. 

Alan Turing em 1950 no Computing Machinery and Intelligence fala: “podemos esperar que as máquinas acabem por competir com os homens em todos os campos puramente intelectuais. Mas quais são os melhores para começar? Mesmo esta é uma decisão difícil. Muitas pessoas pensam que uma atividade muito abstrata, como o jogo de xadrez, seria melhor. Também pode ser mantido que é melhor fornecer à máquina os melhores órgãos sensoriais que o dinheiro pode comprar, e depois ensiná-la a entender e falar inglês. Este processo pode seguir o ensino normal de uma criança. As coisas seriam apontadas e nomeadas, etc. Novamente, eu não sei qual é a resposta certa, mas acho que ambas as abordagens devem ser tentadas. Nós só podemos ver uma curta distância à frente, mas podemos ver muito o que precisa ser feito.”. 

Luís Lamb diz “O uso da tecnologia não é totalmente negativo, nem positivo. Foi a ciência e a tecnologia que nos trouxeram ao mundo de hoje, com menos mortalidade, menos fome e menos violência. Quem disse que a gente não pode projetar um sistema inteligente para um mundo melhor?”. 

No link beta.openai.com/playground conseguimos fazer com que uma inteligência artificial continue o texto, então, vamos pegar essas conclusões diversas e ver o que ela nos fala. Segundo o modelo text-davinci-002 na openai “São diversas as opiniões a respeito da inteligência artificial, mas acho que o que Alan Turing fala é o mais importante. As máquinas podem sim competir com os homens em todos os campos, mas isso não significa que elas são superiores a nós. A inteligência artificial é uma ferramenta que pode nos ajudar a melhorar o mundo, mas não podemos esperar que ela o faça por nós.”. 

A dependência do ser humano pela tecnologia e a busca incessante de construir uma inteligência maior que a nossa, pode sim levar a uma inteligência capaz de criar uma consciência. No cenário atual, as tecnologias existentes disponíveis para as pessoas comuns não podem construir uma inteligência artificial que tenha consciência, mas há uma gigantesca variedade de tecnologias que ainda não estão disponíveis para nós e teremos que aguardar os próximos passos desta evolução para conseguir afirmar com certeza qual será o destino dessa tecnologia.

 

Referências

AWS. (s.d.). O que é uma rede neural? Fonte: AWS: https://aws.amazon.com/pt/what-is/neural-network/#:~:text=Uma%20rede%20neural%20%C3%A9%20um,camadas%2C%20semelhante%20ao%20c%C3%A9rebro%20humano.

John Paul Mueller, L. M. (2019). Inteligência Artificial Para Leigos. Rio de Janeiro – RJ: Alta Books.

Lemes, G. B. (2018). Introdução À Inteligencia Artificial. Joinville – SC: Clube de Autores.

McCarthy, J. (1956). Artificial Intelligence AI Coined Dartmouth. Fonte: Dartmouth: https://250.dartmouth.edu/highlights/artificial-intelligence-ai-coined-dartmouth

Oxford. (s.d.). Oxford Languages and Google. Fonte: Oxford Languages: https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/

Turing, A. (1950). Computing Machinery and Intelligence.

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